quinta-feira, 27 de março de 2008

. refluxo .




A alma seca verdeja
sob a luz do espelho d´água dos olhos.
E por mais que se tente fugir
há que se admitir
que a íris castanha lateja
lânguida e triste,
numa pernoite sem ponteiros de relógios.

Pouco ou quase nada se diz.
Dentro de mim o calor dos trópicos
a congelar o escuro da calmaria
que se segue após o açoite
nas horas cinzentas que ardem ao passar.

É forçoso possuir o tempo
quando se almeja o infinito
tendo a paciência pousada nos ombros
como um pombo obtuso.

Não menos confuso,
afasto de mim qualquer desvario
e todo o peso que trago nas mãos.
Tento e tento não desbotar a cor do acolher,
sempre fugindo desse castanho escuro
tão profundo quando minhas dúvidas.

Quero estar longe no instante
Em que explodir a ressaca dos olhos.
Minto.
Eu quero, de perto,
Ser a dor de saber que se volta
Sempre que o corpo pede abrigo,
Amigo, nos braços do incerto.



Marcel



21/12/04
14/01/05
27/03/08

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